Santola em Fogo
Margarida Mendes
Santola em Fogo foi um evento musical que reuniu músicos de várias gerações numa tarde próxima do fim da gravana à porta do Centro Cultural Português da ilha de São Tomé. Cruzando tanseuntes e gostos, este evento celebrou o convívio e a partilha efémera como centrais à comunicação da cultura, criando uma forte ligação entre os seus participantes através da representação da tradição musical.
Neste evento participaram colectivos musicais distintos, tais como o grupo de kuduristas Os Vibrados bastante reconhecido pela forte crítica social imposta pelas suas letras, o grupo Bulawê Zemê de Boa Morte, composto por 14 músicos que têm acompanhado as representações da Tragédia da Formiguinha de Boa Morte, ou ainda África Negra, agrupamento musical ímpar em São Tomé activo há mais de 3 décadas, que se reuniu de novo em concerto na capital onde não tocava há mais de sete anos.
Santola em Fogo foi um encontro que partiu da vontade de proporcionar um momento de diálogo improvisado através do cruzamento de linguagens distintas, privilegiando a tradição musical como forma maior de produção cultural em São Tomé. Tendo a ambição de reunir novos públicos e cruzar comunidades, este evento utilizou o espaço intuitivo e efémero da comunicação musical como ferramenta de apelo à participação cultural no sentido lato da sua partilha colectiva, estimulando o cruzamento espontâneo entre habitantes de várias gerações e origens. Desta forma, Santola em Fogo foi em última instância um momento de actualização da memória colectiva destes mesmos visitantes, através do recontar das suas histórias, canções e visões, numa tarde de celebração.




